quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

flor de lágrima

desabrochou assim em rios,
já solícita e disponível
esperando as abelhas virem

pétala de água gelada,
caule de sal em cascata
no orvalho frio se refletia
em cada pequena gota inúmeros reflexos sem fim

***

a esperada chega,
a correnteza do rio amansa
ela com calma se aproxima da flor
pouco a pouco
a água gelada se junta ao orvalho e retém a fluidez
e transforma-se em pedra de água azul brilhosa
minúscula anil

a abelha que olha e plana ao lado, as asas invisíveis e velozes
tornam difícil a paciência estável e assim
convoca àbelha a dança
e circula e sobe e desce
seguindo o rastro do cheiro do orvalho congelado

chega ao núcleo
e toca

beija-lhe o interior da flor
e inunda-se de água límpida e leve

suspiro

***

a colmeia brilhava azul, ponto de luzir na noite
paredes de correnteza clara, iluminavam com ondas a floresta

da porta para dentro, do palácio gelado e morno
no centro se formava o vento e as correntes,
os rastros por onde havia passado pediam revisita

pelas águas serem renovados no remanso

***

Nenhum comentário:

Postar um comentário