quarta-feira, 19 de novembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Olmos

Era uma árvore bonita. Seu tronco grosso parecia fino quando se via as inúmeras folhas de seus galhos que íam muito além de suas raízes, tanto para o céu quanto para a terra. Era uma árvore grata, com já muitos anos de vida, e possuía uma boa convivência em sua vizinhança. O solo em que crescia era de areia e grama, rico, e de vida farta, a~limentavam as raízes com os grilos e besouros que já se despediam de seus familiares e tornavam a enfortecer a seiva de suas folhas, que estas embora nascessem para buscar o sol, nasceram também para dar sombra.

Abaixo das folhas, haviam caído algumas sementes, que a árvore cuidara regando com o seu suor no sol quando estavam com calor, ou desviando a água torrencial da chuva com suas grandes folhas para as redondezas, para que não machucassem a pequena a crescer.

Assim, a pequena brotou, ela possuía algumas folhagens brancas, e talvez por isso fosse um pouco estranha para ter nascido de quem nasceu. A árvore, de tantas sementes que tinha plantado, não sabia mais qual de suas filhas era, mas por ser sua e estar perto, a confortou em seu seio na sombra, escolhendo aceitar o desconhecido que foi escolhido por e pra si.

As primeiras folhagens da pequena íam para o céu, brancas claras que refletiam boa parte da Luz que vinha do Sol. Sua mãe teve de amamentá-la com sua seiva, que deixava repousar no princípio de um botão de flor, eslongadinho. Com o tempo, o botão foi distribuindo a sua seiva ao longo de suas folhas, as revestindo e dando a elas uma moldura rosa avermelhada, coisa que favoreceu a pequena captar melhor as energias do Sol.

A Mãe observava de noite a filha, que, olhava para as estrelas e para a Lua, ficando contorcida em sua direção, suas folhas em espirais. Imitava um girassol que ao invés de ser receptivo como uma bolinha, tinha um chifre e se fazia ir ao encontro, irradiando a pouca Luz que havia captado no dia. A Mãe então observava a Lua, e se perguntava se a Lua podia ouvir as preces e as conversas de sua filha.

Crescida, se fez valer assim como a mãe, pois era frondosa de folhagens mas de tronco, só havia tido aquele pequeno vermelho rosa, que agora estava pingado de azulado, revestindo as suas folhas brancas. Os animais, abelhas e besouros, ficavam confusos de como extrair o seu néctar, pois, ele vinha de seu galho que continuava a ficar sempre doce. Lá, havia fontes de energia aparentemente inacabáveis. Embora pudessem ser extraídas, no caminho de casa de volta, a seiva caía da boca dos besouros e pavimentava o chão com princípios de folhagens brancas e a seiva retornava ao solo. Isto poderia ter dado problemas para os besouros explicarem aos da sua comunidade o que aconteceu, salvo não fosse a sapiência e a calma de seus líderes que se reuniram e afirmaram que todos deveriam ir cada um conhecê-la para sentir de perto.

Inúmeros animais se reuniram, dos iniciais insetos que souberam; os besouros, as abelhas, as joaninhas, estes contaram para os gafanhotos que deixaram escapar sem querer para as formigas, e essas disseram aos pássaros ao que lhe ofereciam esta história em troca de um favor de não mexer com seus formigueiros no pouso, e os pássaros, quando se sentavam para dormir, nanavam os seus semelhantes com a história e as corujas ouviam, e íam calmas, amigas dos cervos, contavam-lhe os segredos na noite, e os cervos, chamavam seus amigos tamanduás e tatus, que reservados, guardaram e não aguardaram para ir conhecê-la.

A Mãe se assustou com a tremenda comoção, nunca havia visto tantos reunidos, e as árvores ao seu redor se juntaram em olhares para sua querida filha, não mais pequena, e bem podiam ver sua reação.

A sua planta, Omélia, de Flor Folha e Caule, que reunia todos os elementos em um só, foi estendendo as suas folhas para os passantes, e conforme estes vinham, mais pareciam brotar naturalmente de seus caules. Os pequenos membros de toque dos animais, bem que podíamos chamar de mãos, tocavam a pequena e deixavam vestígios de sua existência, e isso fazia a planta tremer um bocadinho, como quem absorve as histórias e deixa reverberar no corpo, e as formigas sentiam, também, as raízes vibrarem no solo.

Quando todos foram embora, cansada, resolveu se deitar, e sua mãe, que tinha ído de assustada para deslumbrada pela força da filha e carisma, passou a ficar cuidadosa para que nesta noite ela tivesse o devido descanso, e pediu para os ventos que estes acalmassem sua filha, e dessem suporte para suas folhas para essa noite. Os ventos, gentis, atenderam, este primeiro favor que ela lhes pediu.

Na noite, a pequena grande com suas folhas descansadas, deixou a lua repousar nela a sua luz. As folhas, que espiralavam nas noites, estavam torcidas, e não podiam se formar para emanar a luz. A Luz da lua refletia no branco das folhas e esta refletia para a grama, que refletida de volta, a planta assim recebia, nutrindo, e pouco a pouco se recompondo. Cheia, começou a lembrar dos folhetins das gramas e capims e pediu para uma delas que lhes dissessem como ser pontiagudos, pois queria saber.

As gramas e os capims não souberam responder, e dormiram. Ela ficou a refletir.

Quando o Sol apareceu, ela pela primeira vez, começou a sugar sua energia nas folhas brancas, pois brotaram pequenos espaços pretos, pintados, bem pequenos, como pequenos pandas a brincar entre linhas de árvores de bambus, e nestes espaços pretos, recebia a luz do Sol, e isto lhe dava energia para se pintar mais de preto, aqui ou ali, revestida de seu único caule rosa avermelhado que pingado de azul, agora também tinha cor de Verde.

A Mãe olhava as transformações da filha, acalmada de seus destinos, pois olhava para os ventos e sabiam que estes podiam lhe ajudar. Os ventos carregaram a noite mais uma vez, e esta trouxe consigo as notas brancas da lua sobre sua filha, branquinha e com o caule de quase todas as cores agora. As notas musicais inaudíveis do canto leitoso da lua acalmaram e embalsamaram-na na noite.

No outro dia, sobre o Sol, podíamos ver que as pintas pretas haviam se contornado, deixando os bambus dos pandas que estavam lá para brincar mais cedidos e mais lineares. Os pandas repousavam sobre os bambus e davam as mãos uns aos outros. Alguns se separavam, mas só para se dar as mãos novamente, e assim, nesta dança lenta, a pequena foi crescendo junto dos imaginários pandas que brincavam por ali.

Os Ventos vieram com o cair da tarde, estavam indo ou voltando para o mar, uns vinham, outros estavam voltando, e nestes muitos encontros, os vários ventos folhearam as folhas da planta, e se esta havia se organizado dentro das folhas, agora haveria de estar frustrada porque se bagunçou toda para fora, com as folhas parecendo cabelos que acordam mal acordados.

A Mãe quis acudir a filha, e desta vez, lhe deu um pequeno pedaço de fita que uma garça por lá havia deixado. Tinha encontrado peregrinando os alimentos do mar, ele achou a fita laçada com uma Carta, mas havia comido a Carta e resolveu dar o laço para aquela árvore Olmos, que havia lhe dado sombra e descanso. E com o laço, a filha amarrou as folhas para não se avolumarem e nem ela se confundir as suas folhas fronteiras das posteriores.

Os Animais já vinham menos frequentemente. Depois da comoção, aceitaram naturalmente a diversidade, e só alguns animais vinham de vez em quando acompanhados de seus amigos para conversar sobre a plantinha, mas poucas vezes podiam sentar e sentir com ela, visto que à medida que crescia, suas folhas todas já não mais podiam ser tocadas devido seu grande número e altura.

As exceções da presença dos animais se faziam valer nos pandas imaginários, que continuavam a se multiplicar preenchendo o branco das folhas de branco e preto, a brincar e se deitarem uns sobre os muitos outros. Seus bambus já estavam alinhados através de todas as folhas, e os pandas pensaram em pintar todos os bambus de branco, pra que pudessem se reconhecer quando vissem os seus pêlos pretos à distância. E foi o que fizeram.

Já era a parte da Lua quando os ursos imaginados da Omélia cresciam e lá estavam. Sua mãe já envelhecia, e era maior do que já foi, e isso vale também para Omélia, pois já tinha a altura de dois leões empilhados um em cima do outro.

A manhã veio. O sol escuro consolidava mais ainda as posições das pintas brancas e pretas, que agora, certas de si, se esticavam nas folhas alinhadas e , uma após a outra. Os seus símbolos, a sua história, Omélia daria, uma história que de longe, se lia, os sons da floresta e no afetar de todos os animais e seres. Mandou uma mensagem pelos pardais às garças, e disse que um homem do mar que tivesse saudade da terra, poderia vir vê-la.

O Pelicano escolheu um dos mais simples, um pescador que não pescava peixes pois olhava muito para o céu, e por isso primeira este pôde lhe ver. Pelo mesmo motivo, haveria uma necessidade de ler pois o seu olhar desceria para a terra ao se encantar com ela, e quando estivesse no mar, sentiria falta dela, mas a procuraria e a acharia abaixo de si, no fundo do mar, abaixo dos peixes.

O Omen chegou pingando, pois havia pulado de sua jangada ansioso para conhecer a planta. E nela repousou seus olhos. Ela se apresentou, abriu os seus galhos, e as folhas, organizadas pela fita, eram um leque bonito e cheiroso, tinha cheiro de boldo e de água açucarada, dentro das folhas, havia uma festa de preto e branco, que para o pescador era uma coisa familiar.

Seguir um Pelicano por saber que ele tem algo a dizer já é de feitio de inocência, e só podia ser assim quando desduvidou de que estava sim, a ler a primeira planta que era um Livro que havia visto na vida. Deleitado, ele começou a ler suas histórias, ao que a luz do Sol intensificava a leitura e assim ele conseguia ler duas histórias contadas no mesmo livro através das duas cores. 

Era um livro que ele achou inteiro por ter duas histórias em uma e que era emoldurado em um bonito arco íris. Quem quer que tenha feito isso, disse para si mesmo ao terminar de ler, estava agradecido a este quem.

Aceitando o comentário indireto, Mãe e Filha se sentiram mulherageadas pelo agradecimento. A Noite veio, a Lua voltou, e a garça e o pescador se foram, assim como o Sol por aquele dia.

domingo, 26 de outubro de 2014

sábado, 25 de outubro de 2014

sábado, 18 de outubro de 2014

(sem título)

legenda: uma gravura. é noite, abaixo da lua que brilha na direita, há um veado amadurecido com a cabeça voltada para trás com o corpo indo para frente, seu olhar atravessa uma grande árvore sem folhas e de muitos galhos, e repousa do outro lado da árvore, onde há três jovens e pequenos cervos, o mais perto da árvore está de orelhas levantadas, o do meio distraído vem até nós, e o terceiro em posição de oposição ao amadurecido, pasta de costas e despreocupado. a neblina só nos deixa ver uma única outra árvore além da grande, no fundo do plano, um pouco mais míuda e está na adiante do veado amadurecido.

o Veado ao Briluz da Lua, (o que estão esperando, Venham)


legenda: uma fotografia. desta vez, um cervo maduro está no centro, e este olha diretamente para aonde a lua ilumina: arbustos e outras pequenas árvores no fundo, sua cabeça está rente, e ao seu lado esquerdo há uma grande árvore com folhagens em seus galhos e outras duas pequenas, está escuro e estas mais se parecem com sombras, o cervo está com as patas traseiras dobradas, como se sentasse, na altura de suas pernas, há um campo de grama rente e selvagem, com pequeníssimas flores.

A ventura,

legenda: mesma gravura de (sem título.) é noite, abaixo da lua que brilha na direita, há um veado amadurecido com a cabeça voltada para trás com o corpo indo para frente, seu olhar atravessa uma grande árvore sem folhas e de muitos galhos, e repousa do outro lado da árvore, onde há três jovens e pequenos cervos, o mais perto da árvore está de orelhas levantadas, o do meio distraído vem até nós, e o terceiro em posição de oposição ao amadurecido, pasta de costas e despreocupado. a neblina só nos deixa ver uma única outra árvore além da grande, no fundo do plano, um pouco mais míuda e está na adiante do veado amadurecido.

De ter a Sorte,
de pedir a sorte
e ela te estender algumas cartas,
e você assim aceitá-las

Como se fosse Destino,
de portas abertas,
te chamando pra beber chá,
às três da madrugada,

a Tristeza se deita, vira, e olha
na janela a lua e as sombras
não te distingue dos matagais,
e nos lençóis, se esconde pra dormir,

Fortuna por andar em sonho,
entre as nuvens neblinosas,
acha uma flor de lírios líricos,
e te dá pra assim cumprimentar,

a Paz, que está a escovar os
cabelos e ouvir o som do bardo,
que vestido e cantado,
é o próprio,

Vento, andando, que leva na pena e
nas costas, o peso do ar vocal,
que quer voltar aos ouvidos,
de quem uma vez lhes
proferiu

União, que trás nas mãos,
as outras mãos, e a tua,
no brilho da Lua,
voltam, volta,

Alegria dá voltas,
volta para ti e tristeza,
deitada na cama e no silêncio,
abraçam,

Estranho, você por aqui,
Sim, eu, tu, eu e ti. Trouxe o
meu pai, ele está ali fora,
mas vai ficar lá mesmo,

Compreensão, conversa,
fica você aqui mesmo,
a ouvir comigo o som dos grilos,
enxerga ali o ar de

Mistério, que pasmo olha,
a grama romper o solo;
no meio da noite,
é impressionante ver qualquer coisa.

Invisível, ti acena,
discreto,
some.

Ilusão, vai atrás de seu par,
seu quase par,
cadê seu sapato,

Desconhecido acha, e lhe entrega
na mão e diz e aponta
estas são as suas cores

e Verdade em seus gizes,
pintou a casa de madeira toda,
amarela azul rosa verde arco
íris para além

e Vida olhava para dentro de casa,
e abraçava a filha, te trás pra sala,
e te convida a ver a estante,
lá, um livro,

vê Universo entrar e na porta,
um arco, e agora se complementava,
na íris da filha e as estrelas do Céu,
se moviam ao passo,

de Paz, que sentada com Monge,
te perguntava, como está seu chá,
estava bom, pode deixar lá,
volta, vai lá,

e sentas
e sentes
um pouco.

***

E sabe,

Tava com Saudade.
de achá-los assim,
a brilhar juntos, e

Compartilhar manda um olá,
por seu irmão,
e acena com a mão,

ao Infinito, escondido
atrás da Lua
a brincar,

pintar com Verdade,
arcos e giros azuis,
muitos deles,
fazendo

o Zero Mágico n'
o breu azul, a luz da Lua.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Águas Sombrias

Tenho medo deste mim,

temido mim, e tremido,
aspiro ser imóbil, 
abarcado em mim não cedo

o fluido do oceanos,
aos brilhos dos faróis, no que a'

s tempestades de acudas, e lágrimas e chuvas,
que de súplicas nadam, com reservadas caudas,
sutis, se escondem, meio dentro da água,

meio dentro de mim,
alimentando mim,
e do nada, s' eu me jogasse,
neste mim que chamo a mim,

só se veria o meu nado, d'
eu,
e para trás mim deixaria,
a mim.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Bulinho

Brinco, ouvindo a meia lua,
vêm, amassando essência
amanteigando o meu pão,
a trespassar o chão,

Ser tua, pra ser eu e tua,
ir, aquiescendo sensa,
pequena, de ouvidos amarelos,
a refletir a lua para teus remelos

e Caímos, àbençoada cerâmica,
 

azul serena, aqueceu a senda; o forno,
dos corações e as tortas vãs,
pousas as mãos, favor,
e faz os pães, amor,

Aquece, a massa estufa,
o ar fumaça, e besuntados,
coramos, em deleite
com café e ovos.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A messagem chama,

Os olhos descem do céu para o mundo,
o frenesi dos dedos não aguentam a pausa da voz,
e a literatura se faz com o ritmo da leitura: veloz,
tantas vozes eu falo e vejo para onde eu sou,

Tudo é assobios, meu domínio de sítios agora
móveis; a minha alma leva consigo o peso
a imaginação, os gestos que nunca verei;
plenos, pulam em tinta através do plano.

Acuso: as palavras elas me seguem,
não posso ser letrado, o meu corpo me confia:
me dá miopia, a que exerço a paciência
de focar o olhar,  de aguçar o ouvido,

e Voltar, para as salas invisíveis
de meias pessoas, de botas vestidas,
e que é uma audácia, amar para falar:
me deixa ver o seu pé,

Nus, vestidos de si,
os pés vão se desnudando,
com o tato bruto, desmedido
roçam, desacometidos

Fragmentos, despedaços,
que o tato delicai,
e a pergunta no ar
é para pôr de volta ou deixar aí?

A resposta tão tremida não sabe,

hesita: os pés choram fragilidade,
há sim, q' acalentar e acalmar com a idade,
é o que contamos enquanto ferimos pensamos,
esperamos, empasmados olhamos,

A abertura exalar ar quente, e com os lábios
sopramos para esfriar.  Não!
Me dá sua mão. Põe, deixa aí.
Minha carne na tua. Não!
Não manda em mim!

O desespero sai pelos poros do corpo,
Não é nosso, é passageiro, pensamos
A neblina dos corpos se descondensou
em vapor que unia as ansiedades,

E agora? Em uníssono cantamos,
cânticos síncronos de amor, morramos,
a pele brasa, com vontade de esfriar,
calejou antes do tempo, se abrindo mais,
a se tratar só com o denso frio ar,

e dali tanto tempo
Congelou os corações,
o pano invisível, marca do gelo,
trás tecidos que cantam opiniões,

ouví-las, frente ao nosso calado silêncio,
dói, e reveste o nosso corpo, apertando, e
falta ar, a que aquiescemos a perder forças,

docemente fracos resistimos,
e vão as minhas bambas mãos
a desdobrar vincos, a procurar a tua,
àbrir até a ti, o macio nas vis tessituras

Os braços laçam, vamos,
mais uma vez

Deixa queimar, o ar entrar as feridas,
amplifica o fogo, que quer que seja isso,
cultivarmo-nos, a flama em nós,
a que descobertos, nos descobrimos.