quinta-feira, 19 de outubro de 2017

segunda-feira, 15 de maio de 2017

fátuo de fogo.

pontos amarelos e vermelhos claros espalhados no breu, era o início de um fogo que tinha contorno curvado, ensimesmado e voltado para dentro, espiralado. corria o fogo para dentro de si mesmo, e quando atingia o seu centro, implodia em faíscas e luminosidade amarela que se alastrava no pano da escuridão e retornava à extremidade do círculo. seus rastros, os pontilhados brilhavam como ouro, e o vermelho era como o ferro em brasa, laranja, pronto para se solidificar se o lugar não estivesse quente demais. o fogo possuía uma crista, uma labareda mais amarela que o que havia embaixo, e se apertássemos os olhos poderíamos ver que abaixo da crista haviam duas câmaras de ar, dois buracos como se nós o fizéssemos a nossa semelhança, seriam os olhos, sendo ele um com forma de humano pequeno, e com braços curvilíneos, os pés pegando fogo e nanicos, do tipo de um dedo de altura, dois da ponta do pé até a cabeça, este ser corria com as mãos fechadas no peito e dava voltas no escuro, elaborando círculos, e dentro dos círculos, outros círculos.

eu não sei o que eu quis lhes dizer com isto, mas, ele estava ao redor de minha cama, e isto me fizesse voltar atenção para alguma coisa, talvez houvesse um mistério por qual eu deveria desvendar ou ele estava me trazendo as graças de seu fogo para a minha vida, talvez eu estivesse ao meio de algum ritual para o seu povo e eu não o sabia, e imagino aqui comigo, o nascimento dos seres de fogo, se ele é uma chama que não possui contorno e parece uma pessoa, como serão os seus pais, fico imaginando. descrevi pois sinto que ele quer aparecer por aqui. ele está comigo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

flor de lágrima

desabrochou assim em rios,
já solícita e disponível
esperando as abelhas virem

pétala de água gelada,
caule de sal em cascata
no orvalho frio se refletia
em cada pequena gota inúmeros reflexos sem fim

***

a esperada chega,
a correnteza do rio amansa
ela com calma se aproxima da flor
pouco a pouco
a água gelada se junta ao orvalho e retém a fluidez
e transforma-se em pedra de água azul brilhosa
minúscula anil

a abelha que olha e plana ao lado, as asas invisíveis e velozes
tornam difícil a paciência estável e assim
convoca àbelha a dança
e circula e sobe e desce
seguindo o rastro do cheiro do orvalho congelado

chega ao núcleo
e toca

beija-lhe o interior da flor
e inunda-se de água límpida e leve

suspiro

***

a colmeia brilhava azul, ponto de luzir na noite
paredes de correnteza clara, iluminavam com ondas a floresta

da porta para dentro, do palácio gelado e morno
no centro se formava o vento e as correntes,
os rastros por onde havia passado pediam revisita

pelas águas serem renovados no remanso

***

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

importado do whatsapp

disseram que as flores murcharam
os pássaros cantavam o outono
e eu não lembrava o coro,
apenas um verso assim:

no galho
no ramo
sereia luz que cai
remanso
que nos beija
que nos deixa

foi lá pro fundo
do mar, salino cheio
de lágrima de saudade
cantar às algas as maravilhas
 que crescem acima do chão